terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Doe livros, não importa onde, não importa como

25/02/13 por Roberta Fraga

Você tem sede de quê?

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Recentemente eu tive contato com um de incentivo à leitura para lá de significativo. Como este é um blog de amantes dos livros não pude deixar de compartilhar com vocês a mágica que acontece no . Eu pensei que ia escrever um texto carregado de emoção, esta mesma emoção (ou pelo menos parecida) com a emoção que eu tive ao ver o trabalho quer é realizado. Mas guardei as divagações quanto a isso…

Deixei as palavras de um voluntário falarem porque são mais verdadeiras em dados e em importância.
A lição que posso tirar disso para a vida: doe livros, não importa onde, nem importa como.

Você conhece o Barca das Letras?

A Biblioteca Itinerante Barca das Letras nasceu para servir os povos da nossa floresta amazônica, que vivem (ou tentam viver) em harmonia com a mãe natureza, às margens de rios, igarapés, furos, ilhas, lagos. Eles são os nossos povos tradicionais (ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, pescadores artesanais) ou originários (indígenas) que da floresta só retiram o necessário para sua sobrevivência e de seus filhos, guardando o restante para as futuras gerações. Geograficamente isolados, vivem em pequenas comunidades com dez, vinte, trinta casas por agrupamento e ali criam seus filhos, geralmente, sem médicos, sem energia elétrica 24 horas, sem telefone e, claro, sem educação de qualidade, colocando em prática os fartos saberes herdados de seus ancestrais.
É dentro deste contexto, que a Barca das Letras vem atuando, desde 21 de abril de 2008, navegando amorosa e alegremente pelas águas da nossa casa Amazônia (Amapá, Pará, Roraima, Tocantins) e a partir de 2010, também por algumas comunidades do nordeste (Piauí, Ceará e Bahia), centro-oeste (Distrito Federal e Goiás) e sudeste (Minas Gerais). Sempre distribuindo gratuitamente milhares de livros, revistas, gibis, brinquedos, material escolar, os quais são arrecadados, principalmente, em intervenções urbanas, realizadas mensalmente no Eixão do Lazer em Brasília e pelas redes sociais. Também há mobilizações para arrecadações de livros feitas por voluntários-parceiros de outras cidades, como Macapá, Belém e São Paulo.

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E quem é faz o projeto caminhar?

A Barca das Letras só funciona com a ajuda de muitos voluntários, de fora e de dentro das próprias comunidades, os quais se envolvem amorosa e alegremente nas intervenções realizadas mensalmente em cada comunidade ribeirinha e/ou nas campanhas de arrecadação de livros nas cidades. Dezenas de voluntários, de todas as idades, de muitas formações, já participaram das mochiladas culturais da Barca das Letras pelas diversas comunidades ribeirinhas já visitadas. Todas pessoas especiais, que se deslocam de suas cidades (São Paulo, Brasília, Roraima, Belém, Macapá), pagando suas próprias despesas, para gentilmente participar das intervenções de incentivo à leitura, compartilhando seus saberes e, principalmente, aprendendo com os povos da floresta, vivenciando sua potente cultura e seu modo de vida tradicional, simples e harmonioso, que ainda é muito invísivel aos olhos dos que vivem nas nossas cidades e dos governantes de plantão.
Nós temos uma agenda de vivências pelas comunidades, que sempre divulgamos em nosso blog. Agora, a partir de 16 de fevereiro, nós vamos começar as primeiras mochiladas culturais por comunidades ribeirinhas do Amapá. Já na segunda semana de março, seguiremos navegando por comunidades do Pará.

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Qual o maior ganho no incentivo à leitura?

Todo esse esforço para democratizar o acesso ao livro, à leitura, à literatura e à arte-educação à essas crianças ribeirinhas é muito importante para todos nós que fazemos a Barca das Letras. Porque nós acreditamos que a leitura, a educação popular e a cultura popular podem ajudar a fortalecer e melhorar a qualidade de vida das comunidades e com isso contribuir para manter as futuras (e atuais) gerações em seus territórios, sem sofrer o pernicioso e indesejado êxodo rural, garantindo, por via de consequência, a preservação da nossa floresta amazônica.
Na minha opinião a maior vantagem de incentivar a leitura é a liberdade que a pessoa que lê adquire. A partir do momento que você embarca no mundo mágico da leitura, ninguém mais te segura. Você é livre para ser o humano que você quiser ser. E o leitor, sempre é um cidadão, um ser de luz, um ser que não aceita o mundo que aí está posto, cheio de injustiças, de um consumismo louco, exacerbado, destruidor da mãe-natureza. O ser-leitor quer transformar, revirar, revolucionar o mundo ao seu redor, quer sempre agir em busca do melhor para si e para os outros, a coletividade. E é por isso que é muito legal incentivar a leitura!!!

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Como funciona?

Os livros, revistas, gibis, brinquedos, material escolar são arrecadados, principalmente, em intervenções urbanas realizadas sempre no último domingo do mês no Eixão do Lazer (107/108 Norte), em Brasília. A gente repete a mesma intervenção alegre e colorida que é feita nas comunidades ribeirinhas para os frequentadores do Eixão do Lazer, demonstrando como é a nosso jeito de incentivar a leitura com as crianças de todas as idades, inclusive, com a presença do meu personagem, o palhaço Ribeirinho, o comandante da Barca das Letras. Enchemos alguns metros do Eixão com canoa, artesanato das comunidades, fotos e muitos adereços que são utilizados no dia-a-dia dos moradores da comunidade e que transformamos em arte. Com isso, conseguimos, atrair olhares curiosos de algumas pessoas, que depois trazem, generosamente, suas doações ou nos ligam para buscar em suas casas durante a semana. Outra forma que utilizamos para arrecadar os livros é em campanhas permanentes pelas redes sociais (facebook, twitter). Também há mobilizações para arrecadações de livros feitas por voluntários-parceiros de outras cidades, como Macapá, Belém e São Paulo.

O que os destinatários do projeto têm de especial?

Vivemos em um mundo repleto de possibilidades para quem quer ajudar na construção de um mundo melhor, mais humano, mais justo e solidário. Particularmente escolhi fazer trabalho voluntário com as crianças e moradores de comunidades ribeirinhas porque minhas origens estão lá na beira dos Rio Pedreira e Rio Macacoari, na Comunidade Quilombola Conceição do Macacoari, no Amapá. No meu entender todas as comunidades rurais são especiais, porque são elas que mantém a natureza viva, as florestas, os rios, os animais com o seu modo tradiconal de viver. São essas comunidades que nos alimentam, que plantam o açai, a mandioca, as frutas nossas de cada dia e estação, que pescam nosso peixe. São essas populações tradicionais ou originárias que desenvolvem a agricultura familiar e que precisam ser apoiadas para que permaneçam lá em seus territórios, tendo o mínimo de qualidade de vida, de educação de qualidade. Ficando lá no meio da floresta, onde sabem viver e desenvolver a agricultura, mantendo sua cultura popular, não abrirão espaço para que o agronegócio, as mineradoras, as barragens/hidrelétricas, a pecuária extensiva, as madereiras destruam ainda mais as nossas florestas. É por isso que escolhemos sempre apoiar as comunidades ribeirinhas, quilombolas, agroextrativistas, pescadores artesanais, indígenas, estejam elas na Amazônia ou no Chuí.

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Atividades que o projeto realiza

Em cada porto que a Barca das Letras se instala acontece uma verdadeira festa literária comunitária e solidária, que pode durar de quatro a vinte horas, dependendo de cada comunidade visitada. E as primeiras pessoas que surgem para brincar na biblioteca são sempre elas, as protagonistas principais desta história: as crianças. E são muitas, dezenas de crianças, que vêm, com seus sorrisos largos, cheias de criatividade e olhos brilhando de tanta emoção, para participar de todo o processo, construir junto com a gente a intervenção: montar a biblioteca, enfeitando-a com muitos panos coloridos e adereços das próprias comunidades; brincar de ler os livros e gibis em roda, deitados; pintar o sete, a cara e as paredes dos espaços comunitários onde acontecem as brincadeiras; desenhar os animais da floresta, seus barcos e as suas próprias casas; cantar cantigas de roda, músicas de criança; contar e ouvir histórias dos livros e da própria comunidade; falar na “Rádia Megafônica Nossa Casa Amazônia Livre” apresentada pelo Palhaço Ribeirinho; tomar banhos de rio; aprender a tirar foto; vestir-se de palhacinho para animar os participantes; participar das rodas de abraço; criar consciência ambiental com a intervenção Lixo Cultural Sonoro, que chama a atenção para o lixo doméstico de cada um jogado no rio ou pela comunidade; assistir o cineminha animado à noite com pipoca ou caroço de açai com farinha; ensinar sua cultura local e apresentar seus talentos (grupos de marabaixo, carimbó, batuque, hip hop, artesanato); ver e sentir as exposições fotográficas (suas próprias fotos) e/ou de artistas-parceiros; criar/recitar poesias.

Você também pode colaborar:

barcadasletras.blogspot.com.br
facebook
twitter
Para doações ou participar como voluntário:
barcadasletras@gmail.com
(61) 8167 1254 tratar com

BRASILIA EIXÃO
Créditos dos vídeos e das imagens de Jonas Banhos e Mauro Sampaio.
Informações fornecidas por Jonas Banhos.
Conheça aqui também o trabalho


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Publicado no site Livros e Afins, no link:
http://livroseafins.com/doe-livros-nao-importa-onde-nao-importa-como/

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Jonas Banhos
http://barcadasletras.blogspot.com.br/