Sim eu ví!!!
Durante seis preciosos dias, tardes e noites, eu vi(venciei) de perto a rica, diversa, fluente, alegre e caudalosa Cultura Viva Comunitária Latinoamericana.
Sim, eu ví a beleza da cidade mais indígena da Bolívia e que traz em seu nome, um sonho que não é só meu, é de todos nós: La Paz!!!
Sim, eu ví pelas ruas, pelos comércios, pelos restaurantes a força, a luta do trabalho diário árduo e dos variados jeitos gentis do povo indígena boliviano, que soube acolher tão bem a todos os participantes do 1º Congresso Latinoamericano Cultura Viva Comunitária.
Sim, eu ví o esforço de várias pessoas(as quais raramente saem nas fotos dos jornais, sites, redes sociais) para que não faltasse a nenhum participante: comida, limpeza dos locais, segurança, informação, som, luz!
Sim, eu ví cruzar por mim, milhares de olhares curiosos e coloridos de crianças(de todas as idades) que, às vezes sem entender o que alí acontecia, se permitiram entrar nas brincadeiras amorosas e afetuosas de palhaços de todos os naipes, cores e nacionalidades latino-americanas.
Sim, eu ví Assaltos Poéticos pelas ruas de La Paz. Era uma tal de ocupação de cultura popular latino-americana para tudo que era gosto e lado: Poética del Sueño, que tratava do sonho que precede a ação; Poética de la Rebeldía, relativa às muitas revoluções já ocorridas por ali e acolá; Poética de la Muerte, sobre a transcendentalidade das ações em vida; Poética de la Memoria, relembrando os ancestrais do povo local; Poética del Cuerpo, remetendo à lenda de Tupac Amaru ou Tupac Katari, revolucionário pré-colombiano cujo corpo teria sido dividido em dois e colocado em diferentes cantos do mundo.
Os assaltos representaram, como um todo, a eterna luta do povo latinoamericano pela sua independência e soberania. “Tomar o céu de assalto é tomar a vida com poesia, ou seja, com alegria plena”, alardeia no gogó, em alto e bom som, o boliviano Ivan Nogales, um dos idealizadores do congresso e fundador da COMPA – Comunidade de Produtores em Artes, com sede em El Alto.
foto: Michelle Torelli |
Sim, eu ví bem de pertinho o discurso em defesa da Cultura Viva Comunitária Latinoamericana(1% do PIB de cada país para Cultura; 0,1% deste orçamento destine-se a programas de fomento à cultura viva comunitária). Um dizer forte, coerente e emocionado do nosso querido Célio Turino, idealizador do Programa Cultura Viva no Brasil(ainda no Governo Lula), e, autor do livro Ponto de Cultura O Brasil de baixo para cima:
"Escutaram a voz dos silenciados da América Latina??!!! Mais do que pelas ditaduras militares, fomos colonizados e invadidos pela cultura. Nosostros por nosostros! Estamos aqui para afirmar uma idéia: a idéia de que a cultura comunitária está viva”
Sim, eu ví encantado uma rua toda fechada aos domingos para dar passagem às manifestações artísticas, à cultura popular da Bolívia e de outros países latino-americanos que por alí estavam, participando do Congresso Latinoamericano Cultura Viva Comunitária, em La Paz.
Sim, eu ví os tambores de nossos ancestrais rufarem a quatro mil metros de altitude, ví o jovem rapper boliviano rimar cultura + periferia + poesia + vida; ví a índia amazônica fazer todo o "micro" tremer, rumo ao "Asalto Poético" a La Paz.
Sim, eu ví o Teatro dos Compa da Bolívia, da Argentina, da Colombia, do Chile, da Costa Rica, do México, ganhar as ruas e o público do Mercado Camacho, da Plaza San Francisco, do Domingo no Prado, do Cemitério perto de El Alto.
Sim, eu ví pessoas sentadas, deitadas, agachadas e até em pé lendo na Barca das Letras e dizendo em voz alta, recitando desavergonhadamente, as letras da literatura em quadrinhos, poesias e contos e dizeres vindos do Brasil(Paulo Freire, Adélia Pradro, Thiago de Melo), Uruguai(Eduardo Galeano), Bolívia, México e de todas os países da América Latina sendo recitadas, faladas, pensadas e assimiladas por nossas amadas crianças bolivianas, brasileiras e argentinas; por diversos fazedores de cultura viva comunitária; por bolivianos passantes.
Sim, eu ví novas e frutíferas amizades fraternas nascendo e que, por certo, darão ótimos reencontros de cultura viva comunitária, sejam nas nossas comunidades ribeirinhas da Amazônia, na periferia de Vitória(ES), em El Alto e Cochabamba(Bolívia), no México, pela Argentina, no interior da Colômbia e até na Alemanha!!! Viva a cultura viva!!!
Sim, eu ví a solidariedade de amigos da cultura viva recém-conhecidos ou já conhecidos, mas recém-encontrados pelas ruas e hotéis de La Paz, que sem os quais não teria conseguido instalar a Biblioteca Itinerante Barca das Letras durante o Encontro Latinoamericano Cultura Viva Comunitária. A todos vocês(Alcione, Herialdo, Célio Turino, Silvana Bragatto, Ricardo Venturini, Joy Izauri) sou ternamente grato, meus queridos amigos!!!
Sim, eu ví a solidariedade de amigos e simpatizantes da nossa Biblioteca Itinerante Barca das Letras, que contribuíram financeiramente via site Alteridade de financiamento coletivo(crowdfunding) ou me ofereceram ajuda pessoalmente. A vocês caros amigos fraternos, sou muito grato:
Airy Gavião(DF)
Antônio Carlos(DF)
Antônio Carlos(DF)
Carol Banhos(DF)
Edgar Borges(RR)
George Diab(GO)
Glaucy Fisco(RJ)
Ivina Kathialda(DF)
L2 Produções(RJ)
Marcia Abbud(SP)
Rogério Castelo(AP)
Jonas Banhos
cuidador da Barca das Letras
Obrigada, Jonas, por nos contar como foi o encontro! É uma inspiração para todos nós que acreditamos na força transformadora da cultura.
ResponderExcluirTerezinha Costa
Valeu Terezinha!!! Continuamos firmes e em frentes com a cultura viva!!!
ResponderExcluirabçs fraternos,
jONAS bANHos